Roteiro Autoguiado do Centro Histórico de Florianópolis
Roteiro Autoguiado do Centro Histórico de Florianópolis

INTRODUÇÃO

O Roteiro Autoguiado do Centro Histório de Florianópolis apresenta 25 pontos históricos da região central da Capital para serem visitados em um percurso rápido e oferecendo conteúdo de qualidade. A partir da Catedral Metropolitana, o circuito está assinalado no piso com mosaicos identificados pela figura folclórica do Boi de Mamão. Ele propõe uma caminhada de cerca de três horas para conhecer igrejas, casarios, ruas, museus, praças, monumentos - e a vida de uma cidade que se orgulha de seu patrimônio cultural.

Siga as setas indicativas de direção, veja no mapa os pontos de visitação e se deixe impregnar pelo charme e os mistérios de Florianópolis.

* Por razões de preservação das características originais do piso, alguns mosaicos não foram aplicados. O asterisco indica os locais sem a sinalização.

QR CODE

Durante o percurso é possível visualizar nos mosaicos uma pequena placa de metal com uma figura abstrata. Esta figura é um código de barras em 2D que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. Esse código, após a decodificação, irá redirecionar o acesso ao conteúdo referente ao mosaico em que se encontra.

O PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Na década de 50, Florianópolis, uma cidade provinciana, tinha uma população que atingia cerca de 65 mil habitantes e cuja economia estava baseada em inexpressivo comércio concentrado no centro e nos salários dos funcionários públicos, sem muitas perspectivas para desenvolver-se economicamente, apesar de ser uma Capital de Estado. Pela opinião manifestada em 1953 pelo jornalista catarinense e professor universitário, Renato Barbosa, residente no Rio de Janeiro, publicada no jornal A Gazeta, é possível perceber que as pessoas mais esclarecidas pensavam a respeito de Florianópolis. De acordo com a previsão do jornalista, a cidade não possuía e jamais poderia possuir “veleidades de centro intenso de vida econômica” e que a Ilha de Santa Catarina, “primor paisagístico”, não produzia sequer o necessário para alimentar sua população, quase tudo vinha de fora. O autor informou também que o Governador Irineu Bornhausen iria criar a Universidade de Santa Catarina e que o amanhã de Florianópolis era de ordem meramente cultural. 1 Porém, faltou ao jornalista a perspicácia de que o “primor paisagístico” seria, em futuro próximo, exatamente o que sustentaria a economia de Florianópolis e que a transformaria numa das maiores atrações turísticas do Brasil.

UM POUCO DE HISTÓRIA

“Em cumprimento a uma promessa do Governador da Província de São Paulo, Dom Rodrigo César de Menezes, nasceu a Vila de Nossa Senhora do Desterro a 23 de março de 1726, desmembrada de Laguna. A povoação da Ilha de Santa Catarina contou com alguns incentivos. As embarcações poderiam, desde então, dirigir-se diretamente ao Desterro sem a obrigação de tocar primeiro na Laguna. Os primeiros oficiais da Câmara logo foram eleitos dentre os cidadãos mais respeitados do lugar, cujos nomes eram colocados num chapéu, do qual um menino de sete anos os ia retirando um a um.
Em 1725, o ilustre Doutor Rafael Pires Pardinho esteve visitando a pequena aldeia de pescadores. Ouvidor insigne, que levaria sua carreira até o Conselho Ultramarino, contou que no Desterro havia apenas 27 casas e 130 habitantes. Essa visita constatou, assim como a ordem de Governo de Sua Majestade, que se a população aumentasse e se as casas dos moradores passassem a ser cobertas de telhas, isto seria um prenúncio de uma breve elevação aos foros de Vila. O que de fato se verificou um ano depois, com a visita de outro Ouvidor, o de Paranaguá, Dom Antônio Alves Lanhas Peixoto, em março de 1726. Somente 64 anos depois do pioneiro Francisco Dias Velho, consolidava-se o povoado de Nossa Senhora do Desterro. No dia 23, o Doutor Lanhas Peixoto convocou os moradores para sorteio dos pelouros. Por sorteio foi proclamado Juiz, isto é, Presidente da Câmara, o Sr. Domingues Lopes Sertão; depois, foram retirados do chapéu os nomes de Francisco Martins Pereira, para Vereador e de Antônio de Castilho, para Procurador do Conselho. Em 1738, chegou a Nossa Senhora do Desterro, o Brigadeiro José da Silva Paes, homem considerado notável para a sua época, com exato conhecimento dos problemas da Coroa nestes confins. Homem que veio destinado a conservar e a dilatar a conquista. Silva Paes tornou-se o impulsionador da vida na Vila, iniciando um período de atividades até então desconhecidas: tornou a Ilha de Santa Catarina, em uma Capitania.
Para a construção do Paço Municipal foi criado um imposto de 20.000 réis sobre cada pipa de cachaça que entrava ou saía dos arredores do chamado Subsídio Literário. A obra foi iniciada no dia 2 de fevereiro de 1770, executada por Tomas Francisco da Costa, pela quantia de 19 mil cruzados e 300 mil réis. A denominação de Florianópolis ocorreu em 1894 em homenagem a Floriano Peixoto, Presidente da República, que para abafar o movimento contra a Proclamação da República, mandou fuzilar centenas de pessoas na Fortaleza de Anhatomirim. Poderia ter sido Ondina, Redenção ou Exinópolis.” Ironicamente, a então Nossa Senhora do Desterro foi rebatizada com o nome de Florianópolis, em proposta apresentada pelo Desembargador Genuíno Firmino Vidal Capistrano, em ato público, no dia 17 de maio de 1894. “Para definir o nome da cidade, a Assembleia Legislativa consultou os 20 municípios existentes em Santa Catarina e entre as sugestões de Exinópolis, Redenção e Ondina, permaneceu o de Florianópolis.” O Governador Hercílio Pedro da Luz e José Arthur Boiteux assinaram juntos a Lei nº 111, cujo artigo 1º tinha a seguinte e impositiva redação: “A actual Capital do Estado fica desde já denominada Florianópolis.”
Oswaldo Rodrigues Cabral – Historiador1
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